O que faz falta aos museus portugueses?
Numa iniciativa conjunta entre o Expresso e o BES, um debate em prol da valorização do património museológico nacional juntou Jorge Barreto-Xavier, Tolentino Mendonça, João Fernandes e António Filipe Pimentel.
A falta de meios financeiros a que a conjuntura económica portuguesa votou os equipamentos museológicos do país poderá ser ultrapassada? A fruição artística em tempo de crise servirá como panaceia? Que experiências podemos tirar dos exemplos de sucesso internacionais? Como podemos aproximar o público dos seus museus?
Foi a estas e muitas outras questões que o secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto-Xavier, o sub-diretor do Reina Sofia João Fernandes, Tolentino Mendonça e o diretor do Museu Nacional de Arte Antiga António Filipe Pimental tentaram responder, sob o olhar atento das personagens icónicas dos "Painéis de São Vicente", durante quase duas horas de conversa.
O caminho passa por uma autonomização dos espaços e pela valorização do seu património numa perspetiva educativa, mas também de fruição individual e de partilha de conhecimento entre a população. E passa por uma alargada consciência cívica do significado da memória, por uma política cultural definida e com estratégias claras. Percorre os caminhos da economia e do peso da Cultura nesse domínio, mas também os trilhos do turismo, quer de massas, quer de elites.
"O que precisamos é de criar uma mentalidade de proximidade com os museus e que os torne num espaço do quotidiano do cidadão, permitindo que este o sinta e vivencie como parte da vida", defende o secretário de Estado da Cultura.
"Na democratização portuguesa não foi suficientemente entendido e assumido que os museus devem ser pontes da estrutura social do país. Ao contráro do que aconteceu logo aqui ao lado. Em Espanha, o Prado faz parte dessa democratização do Estado", considera João Fernandes.
"É ineficaz a ligação entre o turismo, a economia e a Cultura. Há uma história, um país, uma cidade que têm que ter outdoors que não são a Torre Eiffel, sítos de retorno, como em Madrid existem o Prado ou o Reina Sofia, como em Paris existe o Louvre, em Londres a National Gallery ou em Nova Iorque o Metrpolitum Museum... Mas não há", denuncia António Filipe Pimentel.
"O museu é antes de tudo um grande laboratório humano. As grandes interrogações, de todas as classes sociais estão aqui representadas. É o lugar de reencontro com as nossas questões fundamentais. É um exercício de memória, aquele local onde nos podemos ver", diz Tolentino Mendonça.
Fonte: http://expresso.sapo.pt
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