Wednesday, 13 August 2014

Morreu Eduardo Campos (1965-2014). O Kennedy de Pernambuco

Herdeiro do mais conhecido clã político do estado de Pernambuco, Eduardo Campos, que morreu esta quarta-feira num desastre aéreo, nasceu no Recife a 10 de Agosto de 1965.
Neto de Miguel Arraes, ex-governador do Estado, ex-prefeito do Recife e figura central da política pernambucana de 1963 a 2005, Eduardo Campos era filho do cronista Maximiano Campos e da actual ministra do Tribunal de Contas Ana Arraes.
Eduardo Campos foi deputado federal e ministro da Ciência e Tecnologia do Governo Lula, cargo que assumiu em 2004 com apenas 38 anos, idade invulgarmente jovem para os padrões etários habituais da cena política brasileira.
O negociador hábil
Campos chega a ministro na sequência de uma trajectória de enorme visibilidade no Parlamento Federal em Brasília, destacando-se como hábil negociador entre as várias plataformas de apoio ao governo Lula.
Na altura, o economista era considerado um dos dez parlamentares mais influentes do Congresso.
Campos assume em 2005 a liderança do PSB – Partido Socialista Brasileiro, "refundado" pelo avô Miguel Arraes, num mandato que expiraria no final deste ano.
No complexo e sempre flutuante mosaico político brasileiro, o PSB pode ser situado à esquerda do PT, encravado ideologicamente entre o PT de Lula e a direita do PDT de Leonel Brizola.
Em 2006, Eduardo Campos deu continuidade à linha de apoio na reeleição de Lula e, em 2010, numa estratégia ousada, mas muito vantajosa, preteriu a candidatura própria de Ciro Gomes pelo suporte total à então ministra Dilma Rousseff.
Em troca, o PT retirou vários candidatos às lideranças estaduais no nordeste apoiando os cabeças de lista do PSB.
O resultado foi transformar o PSB no segundo partido brasileiro em número de governos estaduais, só superado pelo PSDB.
A partir de 2012, Campos distancia-se do seu aliado tradicional o PT, aumentando o número de câmaras municipais de 310 para 434 nas autárquicas de 2014.
Com grandes sucessos no combate ao crime, na saúde e educação, Campos foi considerado nas sondagens IBOPE o melhor governador estadual do Brasil em 2009 e desde 2007 fazia parte do "ranking" dos 100 brasileiros mais influentes da revista Época.
A ruptura com Dilma
Governador de Pernambuco desde 2006 (reeleito em 2010), suspendeu o mandato para concorrer às eleições presidenciais de Outubro.
Em 2013, Eduardo Campos anuncia a ruptura com o governo Dilma, fazendo o PSB sair da base aliada de dez forças políticas no mosaico de sustentação da administração PT.
Alavancado pela popularidade de Marina Silva, a número dois da candidatura presidencial, o homem que foi deputado e ministro de Lula vê o sonho de ser Presidente interrompido pela queda do Cessna. Nas sondagens para as presidenciais de Outubro surgia em terceiro lugar.
Eduardo Campos perde a vida, a 13 de Agosto de 2014, nove anos exactos depois da morte, a 13 de Agosto de 2005, de Miguel Arraes, o velho político que terá prometido que teria um neto no Palácio do Planalto.
Sucessor natural de uma das linhagens políticas mais prestigiadas do nordeste brasileiro, "os Kennedy de Pernambuco", Eduardo Campos foi entrevistado na última noite no Jornal Nacional da Globo.
Na última frase, Eduardo Campos mostrou grande optimismo. Disse acreditar "que o Brasil tem jeito".Morreu Eduardo Campos, o "Kennedy de Pernambuco"

0 comments:

Post a Comment

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More