A Comissão Europeia, o presidente do Eurogrupo e o ministro das finanças alemão reagiram rapidamente ao anúncio da demissão de Vítor Gaspar e da sua substituição por Maria Luís Albuquerque com três notas comuns: a preocupação em enfatizar que a nova ministra das finanças é conhecida e respeitada ao nível europeu; a convicção de que a mudança não implicará qualquer desvio em relação ao percurso seguido até aqui; os rasgados elogios ao ministro demissionário.
O primeiro a comentar os desenvolvimentos políticos em Lisboa foi Joeren Dijsselbloem. Numa curta declaração escrita, o presidente do conclave dos ministros das finanças da zona euro evocou Gaspar como alguém "muito apreciado" entre os seus pares e abriu as portas a Albuquerque: "conhecemos bem a sua sucessora". O responsável holandês disse ainda "ansioso" por "prosseguir a cooperação para a recuperação económica de Portugal".
O ministro das finanças alemão considera que, apesar da mudança do titular da pasta das finanças, "é bom saber que Portugal vai manter o rumo" e que Maria Luís de Albuquerque "vai continuar o bom trabalho que tem sido feito até agora". Ou não fosse a nova ministra, aos olhos de Berlim, "um dos aliados mais próximos" de Gaspar, de quem o responsável alemão diz que vai "sentir a falta".
Wolfgang Schäuble não poupa nos elogios à ex-secretária de estado, referindo-se-lhe como "um elemento chave para Portugal e para a implementação do programa português e, assim, pela reconstrução da base económica portuguesa". Também numa declaração escrita, o alemão, que nunca escondeu a admiração e respeito que sempre teve por Gaspar, e faz questão de prestar homenagem ao ex-colega: "Lamento a decisão do meu colega e amigo Vítor Gaspar. Vou sentir a falta de um parceiro confiável e de um lutador valente pela causa do seu país".
A reacção de Bruxelas surgiu já de noite, igualmente através de uma declaração escrita. Olli Rehn, o comissário europeu responsável pelos assuntos económicos e monetários diz estar "confiante" que a nova ministra "irá mostrar empenho e determinação semelhantes" aos do seu antecessor. A Comissão Europeia alerta para a necessidade de o país "manter o ritmo" das reformas, mas também apela ao governo para "trabalhar para ampliar o apoio ao programa" de ajustamento, precisamente uma das razões evocadas por Gaspar na carta de demissão a Passos Coelho. E Rehn promete que o executivo comunitário "continuará a apoiar os esforços de Portugal" na recuperação da economia e no regresso aos mercados.
O comissário refere-se à ainda secretária de estado como alguém com "um forte domínio de política económica" e "uma figura chave" que trabalhou ao lado de Gaspar, ao longo dos "anos difíceis" de implementação do programa. Programa em relação ao qual sublinha o muito que já foi feito, destacando igualmente os "desafios importantes" que subsistem, nomeadamente "a necessidade de reduzir os altos níveis de desemprego".
Como não podia deixar de ser também o comissário europeu elogia o trabalho "valioso" de Gaspar e o seu "compromisso inabalável" com as metas do programa de ajustamento
0 comments:
Post a Comment