Integrou e foi fundador da tropa de operações especiais Comandos Africanos actuando no cenário de guerra da sua Guiné, com operações no Senegal e na Guiné Conacri.
A 2 de Julho de 1969 foi feito Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.2
Apesar de várias vezes ferido em combate apenas teve que ser evacuado da Guiné por ter sido alvejado, por acidente, por um companheiro, assistindo ao 25 de Abril de 1974 emLisboa.
Após a independência da Guiné foi proibido de entrar na sua terra natal.
Em 1975 foi detido no quartel do RALIS, Lisboa, e sujeito a tortura e flagelação praticada e ordenada por Manuel Augusto Seixas Quinhones de Magalhães (capitão), Leal de Almeida(Tenente Coronel), João Eduardo da Costa Xavier (capitão tenente) e outros agentes revolucionários ligados aos movimentos comunistas, num dos episódios mais pungentes, pela sua barbaridade e violência, de toda a revolução dos cravos.
No decurso das perseguições de que foi alvo no ano de 1975 conseguiu fugir para Espanha, de onde regressou a 25 de Novembro, participando activamente na reconstrução democrática e no restabelecimento da ordem militar interna, agindo sempre com elevada longanimidade para com os seus opressores.
Marcelino da Mata é SÓ o português (civil e militar) mais condecorado em Portugal em todos os tempos
Justificou a sua luta no exército português com a frase "A Guiné para os Guinéus", querendo significar que a guerrilha actuava no interesse da União Soviética. Actualmente reside em Sintra.
Marcelino da Mata foi ferido em combate, várias vezes, participou em 2412 operações de “Comandos” – tropa de excepcional valor, a que pertencia – e nelas praticou muitos actos de bravura e heroísmo, que lhe valeram, entre outras, cinco cruzes de guerra e ser, desde 1969, Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, da Lealdade e do Mérito.
Com isto ganhou jus a ser o militar mais condecorado na História do Exército Português.
Sem qualquer desprimor, creio bem, que este palmarés vale mais do que todas as botas de vil metal, que se possam ganhar na vida…
Mas MM vive humildemente e sem alardes – como é próprio das almas nobres – no seu canto do Concelho de Sintra, esquecido dos seus compatriotas
RECORDAR UMA DAS MISSOES DE MARCELINO DA MATA"
O meu grupo designado por “Panteras” actuou na área de Pirada, com
um alferes, que entretanto regressou à Metrópole por ter acabado a
comissão. Quando o seu substituto chegou, ocorreram problemas entre nós
e fui transferido para o Quartel-General, em Bissau. Aqui sentia-me muito
frustrado, pois apenas me puseram a conduzir viaturas e eu queria era ser
um operacional. Fui à 4.ª Repartição e disse ao capitão: “Eu não fico cá. Ou
me mandam para uma zona operacional ou fujo daqui.”
Entretanto apareceu lá o Porfírio Pereira da Silva, que era o 2.º
comandante do Batalhão de Caçadores n.º 1887, que perguntou se eu queria
ir para Farim. Disse-lhe querer ir para Pirada, onde a guerra estava mais
“assanhada”, mas aceitei ir com ele.
Naquela localidade, quando me apresentei ao comandante, o TenCoronel
Agostinho Ferreira, afirmei-lhe querer formar um grupo de
operações especiais. Ele não concordou…
Então para mostrar que podia fazer tal actuação, num determinado dia
peguei em cinco homens e saí do quartel em direcção a uma base do
PAIGC, situada a 3,5 Kms de Farim, numa destilaria de aguardente.
Atacámos à noite e trouxemos nove presos, carregando 65 armas
apreendidas. Às 6 horas da manhã já estava a bater na porta do quarto do
comandante, a chamá-lo. Ele não queria aparecer, mas insisti. Quando
surgiu, perguntou o que é que eu queria dele. Disse-lhe: “É para mostrar
armas”. Ripostou: “E quais são as armas que eu não conheço?” Respondi:
“Estas não conhece, pois são do PAIGC”. Espantado, perguntou-me como
tinha sido a actuação. Respondi: “Olhe! Eu nunca digo como faço as
minhas operações. Fui lá, matei alguns e trouxe estes.”
Disse ele: “Então deixa os prisioneiros andar com armas?”. Retorqui eu:
“Não faz mal; então não são homens como nós?! …”
Na manhã seguinte, na estrada Farim – Jumbembém, vi que os tipos do
PAIGC subiam às árvores e focavam o quartel todo. À tarde peguei na
mota de um soldado fotógrafo, que tinha a alcunha de “brigadeiro” e fui ter
com as sentinelas do lado donde eles faziam isso. Disseram: “São
bandidos…, do PAIGC”.
Às 4 horas da madrugada peguei em seis homens e acabei apanhando
cinco elementos do PAIGC. Quando cheguei perto do quarto do
comandante, chamei por ele. Apareceu resmungando e quando lhe
apresentei os indivíduos e o que andavam a fazer, disse: “Este tipo é
tramado…”
No terceiro dia, quando me desloquei à pista de aviação de Farim, via-se,
no final da mesma, um grupo de tipos do PAIGC armados com armas
automáticas PP Sagal (metralhadoras com tambores de munições).
Perguntei: “Então ninguém vai lá atacá-los? “ Disseram que não…
Fui falar com o chefe das milícias locais para me arranjar 12 homens.
Depois fui ter com os cozinheiros, impedidos dos bares e outros assim e
pedi-lhes as suas espingardas G3. Levei-as para minha casa onde foram
todas bem limpinhas e carregámos com munições impecáveis…
Quando eram 23H45, furámos as duas fiadas de arame farpado e fomos
apanhar a estrada para Jumbembém. Atravessámos o rio, demos a volta e
fomos sair atrás deles. Ficámos lá instalados também com uma
metralhadora e uma bazooca e, quando eram 4 horas, as armas começaram
a “cantar”; foi um grande “arraial”… Apanhámos 60 tipos à mão, depois de
termos morto cerca de 40. As armas capturadas foram 23. Fizemos o
percurso inverso e entrámos no quartel através do arame farpado. E às
6H00 lá estava eu a bater outra vez à porta do comandante, tendo-se
repetido as cenas dos dias anteriores.
No dia seguinte de manhã, chamou o 2.º comandante e disse: “ Diz lá
àquele tipo que pode formar o grupo de operações especiais.” Foi a partir
daí que formei o grupo “Os Roncos”.
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