E isto porque, se dúvidas havia, ficou provado que a Selecção depende em exclusivo dos rasgos do melhor jogador do mundo e que, do outro lado, há uma necessidade progressiva de cortar o cordão umbilical com um outro astro do futebol.
Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, por força de uma qualquer cláusula contida no acordo firmado entre ambas as selecções e a empresa que organizou o evento, foram a jogo somente durante os primeiros 45'. Mas foi o suficiente para perceber que, com e sem CR7, a equipa das quinas joga a uma velocidade completamente diferente da dos sul-americanos.
De olhos bem fechados até aos 29'
É um amigável, bem se sabe, mas é preciso manter um ritmo competitivo aceitável e adequado. Até porque, do outro lado, está a segunda melhor selecção da actualidade.
Fernando Santos deu a titularidade inesperada a Beto, Tiago Gomes e André Gomes e, em abono da verdade, só o primeiro cumpriu, com a regularidade que lhe é reconhecida.
A dupla "Gomes" esteve no epicentro do domínio argentino, na primeira meia-hora de jogo. Cobertura deficiente, nervosismo e desposicionamento de Tiago e André contribuíram para o espaço em demasia que foi concedido a Messi, Biglia, Pastore e Di María. Os "calafrios" sucediam-se, perto da baliza nacional e o que valia é que Bruno Alves e Pepe iam demonstrando uma assertividade a todos os níveis notável, "limpando" jogada atrás de jogada.
A jogar de trás para a frente, por regra, quase sempre atrás da linha da bola da Argentina, a Selecção dispunha-se no 4x4x2 em losango que cai no goto do Engenheiro, mas sem referências ofensivas que garantissem a posse de bola em busca de apoio na transição ofensiva. Nani e Ronaldo, na frente, eram opções demasiado curtas e, mais atrás, Moutinho escondia-se do protagonismo que a Selecção precisa de ver da sua parte.
O capitão também não estava nos seus dias, mas continuava a ser a unidade "+" da equipa das quinas, comandando os restantes dez companheiros em campo. Tanto que, aos 29', saiu do pé esquerdo do CR7 o único remate digno desse registo da Selecção em toda a partida.
Até ao final da primeira metade, Portugal subiu de produtividade, embora sem qualquer efeito prático junto das redes à guarda de Guzmán.
Ronaldo e Messi: Estava escrito
Não regressaram para a segunda metade. Era o que estava escrito no contrato e os 41 mil espectadores que se apresentaram em Old Trafford têm todas as razões para se sentirem defraudados. Mas um lado sentiu mais a falta do líder do que outro.
Faz falta um faroleiro que não Ronaldo a esta Selecção. Alguém que motive e que force a subida das unidades lusas. Sem o avançado do Real Madrid, Portugal recuou ainda mais, amedrontou-se, permitindo momentos de maior aperto a um adversário que, sem Messi, até conseguiu ser mais incisivo no processo de construção ofensiva.
A colherada de Raphael
A lógica de que tudo acaba somente "quando a senhora gorda canta" aplica-se na perfeição. No único momento de desconcentração - e descontracção - defensiva da Argentina, Portugal fez o golo da vitória, no primeiro e último remate na direcção dos postes argentinos.
E até foi às "três pancadas". Éder tenta desviar-se da bola mas acaba por permitir um feliz ressalto para Quaresma. O Mustang capta o esférico na linha de fundo e cruza, com um lateral-esquerdo luso-francês de 20 anos a surgir, à ponta de lança e a desviar, de cabeça, para o fundo da baliza de Guzmán.
O primeiro golo "AA" do defesa do Lorient provovou os sorrisos que antes não surgiam nos rostos dos jogadores. Seguiu-se uma celebração tremendamente saborosa.
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