Mais de 50 feridos em 'manifs' contra aumento do preço dos transportes no Brasil
Maria Luiza Rolim
Milhares de brasileiros, sobretudo estudantes, têm participado nos protestos contra o aumento nos preços dos transportes
Getty Images
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Os confrontos com a polícia estão a marcar hoje o quarto dia de protesto contra o aumento do preço dos bilhetes dos transportes públicos no Rio de Janeiro e em São Paulo, que a noite passada estiveram submersas no caos. Nas duas cidades brasileiras, ontem, mais de 200 pessoas foram detidas e dezenas ficaram feridas.
Só em São Paulo, de acordo com a Polícia Militar (PM), pelo menos 5000 pessoas participaram ontem no protesto, que segundo os organizadores da manifestação terá levado pelo menos 20.000 pessoas às ruas.
Jornalistas atingidos pela carga policial
O cenário foi de guerra em São Paulo, a maior cidade do Brasil. A tropa de choque da PM utilizou balas de borracha e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, atingindo também peões que nada tinham a ver com a ação. Pelo menos 55 pessoas ficaram feridas.
Alguns participantes na marcha, inicialmente pacífica, responderam à carga policial com pedradas e ergueram barricadas com objetos queimados. Alguns autocarros foram também incendiados. Por duas vezes, a Avenida Paulista foi interditada à circulação automóvel.
Sete jornalistas do jornal "Folha de São Paulo" ficaram feridos durante a cobertura dos protestos na capital paulista e apontaram o dedo à "violência policial". Entre os feridos estão os repórteres Giuliana Vallon e Fábio Braga, que foram alvejados com balas de borracha no rosto. Um operador de câmara foi atingido com spray de pimenta, também por um polícia.
Dos 235 manifestantes detidos na noite passada em São Paulo, 231 foram já libertados. No Rio de Janeiro, foram presos outros 18.
A Amnistia Internacional já se mostrou preocupada com a "violência da polícia" para reprimir os protestos.
No Rio de Janeiro, um membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados, que acompanhou a manifestação, esteve na esquadra para verificar se os detidos estavam a ser tratados com dignidade.
Ministra considera manifestações legítimas
A ministra das Relações Institucionais já condenou hoje a onda de violência em São Paulo e defendeu que "as manifestações são legítimas". Segundo o "Jornal do Brasil", Ideli Salvatti pediu aos estados e municípios para reduzirem os impostos que incidem sobre o custo dos transportes.
Também o prefeito de São Paulo disse hoje que a violência "não ficou bem para a polícia". Fernando Haddad afirmou que as cenas de violência por parte da Polícia Militar foram "lamentáveis e não condizem com São Paulo", adiantando que a Secretaria de Estado da Segurança Pública vai investigar supostos abusos por parte dos polícias que terão deixado de "observar os protocolos" durante o protesto.
Mas tanto o prefeito da cidade de São Paulo como o governador do Estado, Geraldo Alckin, afastaram a hipótese de reduzir os preços dos bilhetes dos transportes ou de adiar o aumento para daqui a 45 dias, proposta feira pelo Ministério Público como tentativa para cessar as manifestações.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, disse que as manifestações contra os reajustes dos preços dos transportes têm "ar político" e não parecem "espontâneas da população".
As novas tarifas de autocarros, metro e comboios entraram em vigor no passado dia 1.
As manifestações no Rio e em São Paulo foram convocadas pelas redes sociais
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/
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