Thursday, 20 June 2013

Projeto 'cura gay' aprovado no Brasil com 'pouco barulho'

Projeto 'cura gay' aprovado no Brasil com 'pouco barulho'

Manifestações no Brasil minimizaram protestos da aprovação, na passada terça-feira, do polémico projeto de lei  que vai permitir aos psicólogos brasileiros tentar mudar a orientação sexual de gays e lésbicas.
Maria Luiza Rolim
Manifestação em Brasília, na frente ao Palácio do Planalto, contra a homofobia Getty Images Manifestação em Brasília, na frente ao Palácio do Planalto, contra a homofobia
Os protestos no Brasil por transportes públicos melhores e mais baratos e mais qualidade de vida quase deixaram  passar despercebida a aprovação em Brasília, na passada terça-feira, do projeto conhecido como 'cura gay'.   
O texto foi aprovado pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados do Brasil, por votação simbólica, isto é, sem contagem individual dos votos.
A iniciativa, que começou a ser debatida na Câmara dos Deputados do Brasil no dia 8 de maio, tem como objetivo anular uma resolução de 1999 do Conselho Federal de Psicologia, a qual prevê que "psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura de homossexuais".
Apesar de já ter passado pelo crivo da  Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), a proposta - de autoria do deputado e pastor evangélico João Campos (PSDB-GO) - ainda vai ser analisada pelas Comissão de Segurança Social e Família e pela Comissão de Constituição.

Ex-vocalista de grupo norte-americano contra 'cura gay'


O grande defensor do projeto 'cura gay' é o presidente da CDHM, deputado Marco Feliciano (PSC-SP), também pastor evangélico. Desde que Feliciano foi indicado para o colegiado, o Conselho tem sido palco de manifestações de ativistas contra as declarações homofóbicas e racistas de Feliciano.
Na passada terça-feira,  Gerard Way, ex-vocalista da banda My Chemical Romance, escreveu no Twitter uma mensagem contra este  deputado brasileiro.
"Boa sorte Brasil. Não me lembro de alguma vez ter ficado tão zangado como estou agora. A minha pele está  a formigar. Se eu encontrar este gajo (deputado Marcos Feliciano), vou fazer o meu melhor para vomitar em cima dele. E não vai ser preciso esforçar-me muito", afirmou o cantor norte-americano.

Prós e contras


O relator da proposta, deputado Anderson Ferreira (PR-PE), defendeu que o projeto "constitui uma defesa da liberdade de exercício da profissão e da liberdade individual de escolher um profissional para atender a questões que dizem respeito apenas a sua própria vida".
Desde há vários meses que o projeto de decreto-lei 'cura gay' está a provocar polémica no país. 
No dia da sua aprovação, porém, com as principais cidades do país imersas no caos devido aos protestos contra as tarifas e a má qualidade dos transportes públicos e os gastos excessivos com o Mundial,  as ações de protesto contra o projeto para 'tratar' homossexuais no Brasil não tiveram tanto eco.
Em contraste com as primeiras sessões presididas por Marco Feliciano, que foram marcadas por tumultos e protestos de dezenas de integrantes de movimentos LGBT e evangélico, no passado dia 18, apenas cerca de dez manifestantes estiveram na Câmara dos Deputados do Brasil a aplaudir o deputado Simplício Araújo (PPS-MA), o único a discursar contra a iniciativa.
"Não existe tratamento (para o homossexualismo) porque isso não é doença", afirmou Simplício Araújo. "O que temos que tratar é a corrupção, a cara de pau de alguns políticos. (...) O que prejudica a família é a corrupção, é a forma como a classe política se comporta. Este projeto é inconstitucional. Apenas o poder judiciário pode questionar uma decisão de qualquer Conselho de qualquer profissão", comcluiu o deputado brasileiro.
No plenário, apenas dois ativistas seguravam cartazes alusivos ao projeto. Num, lia-se "não há cura para quem não está doente". No outro, "o que precisa de cura é a homofobia


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/

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