A Alemanha é a maior economia da Zona Euro e a segunda que mais vende a Portugal. Beber cerveja e comer salsichas ‘made in' Alemanha até pode parecer uma ideia apetitosa. Mas viver só com produtos e marcas germânicas em Portugal é possível sem fazer disparar os níveis de colesterol e passar a vida embriagado. A Alemanha, que vai a votos no próximo domingo, está mais presente no dia-a-dia. Mas qual é o real peso do país de Angela Merkel na vida dos portugueses? Começando pelo óbvio: a indústria automóvel domina as importações portuguesas de produtos alemães e uns quantos quilómetros de estrada rapidamente mostram que Audi, Mercedes e Opel é o que não falta, além de Volkswagen - que são os carros ligeiros de passageiros que mais se vendem em Portugal, a seguir à Renault, a campeã de vendas. É certo que nem todos os portugueses têm capacidade financeira para comprar um modelo da Audi, BMW, Porsche ou mesmo Smart. Contudo, olhando para a lista dos automóveis mais vendidos em Portugal, qualquer uma destas marcas alemãs está no ‘top 10' dos favoritos. E mesmo quem não tem carro, não deixa de dizer que anda de Mercedes, ou não fossem os táxis e os autocarros quase todos desta marca. Confiança, durabilidade e robustez são, aliás, adjectivos que estão associados a quase todas as marcas alemãs presentes em Portugal, e não só nos carros. Uma imagem que o próprio país tenta transmitir aos parceiros, praticamente desde a época da revolução industrial. Dos transportes para a alimentação, o cliché das salsichas está mais do que ultrapassado: as cervejas Löwenbräu, Bitburger, Erdinger e Köstritzer concorrem com as líderes nacionais Sagres e Super Bock, o pão preto Pumpernickel já se tornou um alimento comum nas despensas portuguesas, e as pizzas ou sobremesas Dr. Oetker também já não são desconhecidas. ÀS COMPRAS NO LIDL Tudo possível de ser comprado (também) no Lidl, rede alemã de ‘hard discount' que, cada vez mais, faz frente às lojas portuguesas. Com a crise, as superfícies de ‘hard discount' oferecem produtos diferentes e preços agressivos. O Aldi ou a Lidl são disso exemplos. Razão que explica que o Lidl tenha, inclusive, anunciado que vai investir 45 milhões de euros em Portugal no próximo ano para melhorar, renovar e ampliar o actual parque de lojas e respectivas infraestruturas logísticas. Vestir de austeridade é que parece não ser coisa que agrade aos portugueses e, aparentemente, aos alemães também não: por cá, Adidas, Reebok e Puma até se vendem bem, e até patrocinam grandes clubes. Mas a Hugo Boss já obriga a alargar mais a carteira. E nada disto é de estranhar, uma vez que a Alemanha não tem grande tradição na alta costura. Basta para isso ver que um dos ícones da moda mundial, Karl Lagerfeld, o director criativo da Chanel, foi para Paris exercer a sua arte. Da roupa interior Sloggi, Triumph e Valisère, à moda da New Yorker, a bijuteria da Bijou Brigitte ou as famosas sandálias Birkenstock, os alemães são fortes em Portugal nos electrodomésticos e tudo o que seja materiais industriais. Quem nunca cobiçou uma cozinha Míele, uma aparelhagem Blaupunkt, Grundig, uma máquina de lavar Bosch, AEG ou uma placa de fogão Teka? Nas mais pequenas coisas, precisamos da Alemanha e nem nos apercebemos. É o caso das Aspirinas (Bayer), do xarope Bisolvon (Bohringer-Ingelheim), da Cebion (Merck), das lentes Zeiss, dos esquentadores Junkers e Vulcano, ou até os elevadores Schmitt+Sohn. Porque ninguém escolhe mesmo subir o sétimo andar a pé depois de um dia de trabalho, ou escolhe? NEM O MEALHEIRO ESCAPA Há poucas semanas, a polémica estalou nos jornais porque o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, optou por colocar as suas poupanças numa conta do Deutsche Bank. Há quem tenha seguros Allianz, use os serviços de software da SAP, portões Hörmann ou lâmpadas Osram. Tudo marcas germânicas a operar em Portugal, com a particularidade de não terem, ainda, conseguido funcionar através de energia distribuída por alemães - a E.on bem tentou e até esteve entre as quatro finalistas à privatização da EDP, mas foi ultrapassada pelos chineses da Three Gorges. Tudo aquilo que utiliza durante o dia tem um gémeo alemão. Pode até aprender a falar alemão no Goethe Institut, por exemplo, e viajar pela Lufthansa. Precisa de uma secretária nova para o escritório? Tem a König e a Neurath. Quer produzir a sua própria energia? Tem os sistemas fotovoltaicos Fronius, Hopp, Huber+Suhner e Intersol. Produtos de higiene Labello ou Nivea, Atrix e Hansaplast. Precisa de escrever? Tem os lápis Faber-Castell e as lapiseiras Rotring. Há o chocolate Ritter Sport, o sumo Granini, e até o café Tchibo. Se acha que não conseguia viver só com produtos alemães, pense duas vezes quando for às compras
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