3 1 10 TEXTO A A Imprimir Enviar "Desmantelamento controlado" da zona euro é a proposta de Stefan Kawalec e Ernst Pytlarczyk publicada num "working paper" do Banco Nacional da Polónia, o banco central. A posição dos autores destes artigos técnicos nunca reflete os pontos de vista oficiais dos bancos centrais, mas a divulgação de uma tal proposta vinda de dois economistas de referência na Polónia é sintomática, segundo a agência Eurointelligence. Kawalec é presidente da Capital Strategy, uma empresa de consultoria, e foi vice-ministro das Finanças, e Pytlarczyk é o economista chefe do BRE Bank, uma subsidiária do Commerzbank. "A moeda única é uma séria ameaça para a União Europeia e o Mercado Único", e mais vale "desmantelá-la" através de "um processo consensual", substituindo-a por um "sistema alternativo de coordenação", do que correr o risco de um colapso político e de uma desagregação desordenada em virtude do fracasso das políticas de austeridade. O gatilho potencial de um colapso da zona euro poderá surgir de uma crise em França, a segunda maior economia europeia. Um círculo vicioso A zona euro está enredada num "círculo vicioso". De um lado, os "periféricos" presos numa armadilha de ajustamento recessivo e deflacionário e, de outro, os países do "centro", obrigados a financiar resgates sucessivos e forçados a "colocar de lado os seus valores de políticas orçamentais prudentes". No plano político, um fosso entre "ressentimento e populismo nos países do sul" e "revivalismo de tendências nacionalistas no norte". Os dois autores sublinham que querer alterar o padrão competitivo dos membros "periféricos" do euro através de "austeridade orçamental e de aperto monetário gera custos elevados em termos de contração do PIB real e aumento do desemprego", políticas que "em democracia tendem a terminar num fracasso". Acentuam, ainda, que a disciplina orçamental "pode limitar o risco de políticas orçamentais irresponsáveis, mas não elimina problemas de competitividade de outras origens". Em suma, "nunca será positivo o destino de um país que perdeu competitividade permanecendo na zona euro" e que se concentra a implementar uma estratégia de "desvalorização interna" (a política recomendada pela troika nos países resgatados). Recordam as lições dos anos 30 do século passado quando se implementaram políticas de deflação no quadro do padrão ouro para responder à Grande Depressão, que só aprofundaram a crise económica e política. Esta é a mensagem de Kawalec e Pytlarczyk no artigo intitulado "Desmantelamento controlado da zona euro: uma proposta para um novo Sistema Monetário Europeu e um novo papel para o Banco Central Europeu" (Working Paper nº155 ). Os dois economistas são signatários de um Manifesto de Solidariedade Europeia, divulgado em janeiro, que recolhe também as assinaturas de proponentes como Alberto Bagnai e Claudio Borghi Aquilini, de Itália, Brigitte Granville, Jean-Jacques Rosa, Jean-Pierre Vesperini e Jacques Sapir, de França, Hans-Olaf Henkel e Alfred Steinherr, da Alemanha, Jens Nordvig, da Dinamarca, e Juan Francisco Martín Seco, de Espanha. Quatro pilares para a segmentação da zona euro Os dois economistas polacos referem quatro pilares para o processo, um deles com significado geopolítico. # O "desmantelamento controlado" deverá começar com a saída das economias mais competitivas da zona euro. Os autores consideram que as saídas da zona euro, mantendo-se os países como membros da União Europeia, são defensáveis do ponto de vista jurídico. A saída das economias mais competitivas e a redenominação em moedas fortes não provocará fuga de capitais e corrida aos bancos, dizem os autores. # O euro permanece a moeda comum das economias menos competitivas, o que comummente se designam por "periféricos". Poderão ser necessárias, em "alguns destes países, reduções de dívida (via cortes-de-cabelo)", acrescenta o documento. Este euro dos "periféricos" sofrerá uma desvalorização - encarada como necessária - em relação às novas moedas nacionais dos países que saem da zona monetária única e face ao dólar norte-americano, ao iene japonês e ao renminbi chinês. # O Banco Central Europeu (BCE) deve manter-se como banco central dos 17 membros atuais da moeda única com a missão de desenhar a segmentação da zona euro e deverá assumir a direção do novo Sistema Monetário Europeu, que ficará baseado em moedas nacionais ou moedas de grupos de países com padrões económicos similares. O BCE deverá evitar a excessiva apreciação de novas moedas fortes, como um novo marco alemão. # O acordo comercial transatlântico entre a União Europeia e os Estados Unidos deverá ser o pilar da nova dinâmica de crescimento da Europa saída de uma crise económica e de crises de dívidas soberanas de diversos membros. Ler mais: http://expresso.sapo.pt
0 comments:
Post a Comment