Sunday, 20 October 2013

Membro das Pussy Riot escreve carta dizendo que corre perigo de vida

Nadezhda Tolokonnikova, uma das duas jovens  detidas do grupo de punk russo Pussy Riot, disse acreditar que a sua vida  está em perigo, num carta publicada hoje na Internet, na qual denuncia os  "executores" do sistema penitenciário russo. 

"Temo pela minha vida, porque não sei o que (...) os carrascos do sistema  prisional da Mordóvia vão fazer comigo", diz Nadezhda Tolokonnikova, mais  conhecida por Nádia, numa carta enviada à sua advogada e publicada em vários  sites críticos do regime moscovita. 
Nádia está detida numa prisão da Mordóvia, uma região da Rússia que  fica 600 quilómetros a leste de Moscovo, de onde escreveu a carta na sexta-feira,  depois de ter retomado a greve de fome. 
"Se encontrassem a Nádia hoje na rua, não a reconheceriam", escreveu  no seu blogue a advogada Violetta Volkova, que visitou a cantora na prisão  e divulgou a carta. 
A mesma advogada acrescentou que Nádia "não vai durar muito fisicamente,  porque cada dia de greve de fome a mata". 
Nadejda Tolokonnikova entrou em greve de fome a 23 de setembro, para  protestar contra as condições em que está detida, que descreveu como estando  perto da "escravatura". 
 Tolokonnikova acusava o diretor adjunto da prisão, Iuri Kuprianov, de  a ter ameaçado de morte após a publicação da sua carta sobre as condições  de detenção, que fazem lembrar testemunhos sobre o Gulag soviético. 
Essa greve de fome terminou a 01 de outubro, por motivos de saúde, tendo  Nádia sido hospitalizada.  
Na altura, foi-lhe dada a garantia de que seria transferida para outros  estabelecimento prisional, mas a 17 de outubro foi novamente enviada para  a prisão IK-14, onde diz ter sido ameaçada de morte, tendo recomeçado a  greve de fome no dia 18. 
Na carta, Nádia denuncia ter sido levada para a prisão IK-14 "por engano  e de forma ilegal, com recurso ao uso de força física". 
"Exijo que a minha segurança seja garantida e que eu seja transferida  para outra região. Na Mordóvia fazem coisas terríveis aos prisioneiros.  Esmagam-nos, destroem-nos e destroem tudo o que há de humano dentro  (de  nós). Transformam-nos em bestas enraivecidas", escreve. 
Acrescenta estar também preocupada com a vida dos outros prisioneiros,  que lhe contaram "coisas terríveis", dando como exemplo o caso de uma mulher  que enviou uma carta para o Ministério Público e para a Comissão de Direitos  Humanos e que, por causa disso, foi espancada e colocada numa cela de isolamento.
A antiga estudante de Filosofia e mãe de uma criança de cinco anos foi  condenada em agosto de 2012, com outras duas integrantes do grupo "punk"  Pussy Riot, a dois anos de prisão por um tribunal de Moscovo, por "vandalismo"  e "incitamento ao ódio religioso". 
As jovens entraram encapuzadas em fevereiro de 2012 na catedral ortodoxa  do Cristo Redentor, em Moscovo, e cantaram uma canção de protesto na qual  pediam à Virgem para "perseguir" o Presidente russo, Vladimir Putin

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