Monday, 14 October 2013

Recuperação dos jardins românticos de Monserrate reconhecida como a melhor da Europa

Recuperação dos jardins românticos de Monserrate reconhecida como a melhor da Europa

A recuperação do espírito romântico do Parque de Monserrate, em Sintra, onde é possível viajar do México ao Japão através da botânica, como era moda no século XIX, foi reconhecida internacionalmente como o melhor restauro de um jardim histórico.

Monserrate recebeu um European Garden Awards na categoria de «Melhor Desenvolvimento de um Parque ou Jardim Histórico», um prémio que é atribuído anualmente desde 2010 pela European Garden Heritage Network.
«O prémio não é um prémio sobre algo que está acabado, é um prémio que reflete um esforço imenso que foi feito por um conjunto diversificado de pessoas em Monserrate e não é um ponto de chegada, mas é sim um ponto intermédio num trabalho que tem vindo a ser desenvolvido de há décadas a esta parte e que continuará a ser desenvolvido daqui para a frente», disse à agência Lusa Nuno Oliveira, responsável pela Área de Parques e Jardins da empresa Parques de Sintra.
Este responsável salientou que «falta fazer muita coisa», nomeadamente em algumas estruturas do jardim que ainda não foi possível recuperar, até porque um jardim demora anos a fazer.
«Nós quando fazemos restauro e conservação de jardins, iniciamos processos e, portanto, entre as plantações que são feitas, é preciso passar por uma fase de amadurecimento dos próprios jardins que vão ter o seu esplendor daqui a alguns anos», acrescentou.
O desafio tem sido recuperar a traça original e o sentido de visita que se teria no século XIX, altura em que o jardim foi idealizado, no auge do período romântico, por Francis Cook, um inglês endinheirado, que fez fortuna no negócio dos tecidos de algodão indiano.
O prémio reconhece a recuperação de todo o património, desde aos socalcos regados por irrigação como faziam os mouros, aos caminhos sinuosos, aos lagos e às ruínas românticas, deixadas propositadamente assim, para se confundirem na paisagem com os elementos botânicos.
O melhor exemplo deste conceito é a ruína de uma capela e a árvore «ficus» que se alojou nas suas paredes.
Há vários jardins dentro do Parque, onde a riqueza botânica vinda de vários cantos do mundo, organizada por áreas geográficas, convive com as espécies típicas da região: um vale de fetos arbóreos, agaves e palmeiras, recriam um cenário mexicano, camélias, azáleas e bambus fazem lembrar o Japão e uma agathis robusta, oriunda da Austrália, que é uma das maiores do mundo da sua espécie.
A maior árvore do jardim é, no entanto, uma araucária-de-Nortfolk, com cerca de 50 metros de altura, que em determinadas alturas do ano dá pinhas com cerca de 15 quilos.
A parte recuperada mais recentemente foi o Roseiral, onde as roseiras crescem por si, numa mancha densa não podada, inaugurado em 2011 pelo príncipe de Gales e pela duquesa da Cornualha, durante uma visita oficial a Portugal.
Do Roseiral vê-se o mar, no horizonte, «e quando o vento sopra daquele lado consegue-se sentir o odor das rosas no palácio nos dias de mais calor», explicou Nuno Oliveira, salientando que, apesar do ar selvagem, tudo foi pensado ao pormenor.
O Parque é mantido diariamente por cerca de 10 pessoas, algumas das quais reclusos em regime aberto voltado ao exterior e recrutadas em associações de apoio à pessoa com deficiência.
Diário Digital com Lusa

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